Os fundos de previdência
privada vão dar o primeiro passo no compromisso com o governo de alongar o
prazo dos investimentos em troca de uma rentabilidade maior. A partir do mês
que vem, não poderão mais comprar títulos públicos ou de empresas com prazo mais
curto do que a média de sua carteira. Essa é a primeira regra de transição que
entra em vigor para cumprir a exigência de reduzir a presença de títulos com
remuneração atrelada ao juro básico (taxa Selic) em sua composição até 2016.
Com os juros baixos, a
exigência pode fazer com que a rentabilidade dos fundos melhore. Quanto maior o
prazo de um título de renda fixa, porém, maior é o risco de variação das taxas,
o que pode trazer perdas ao investidor. Isso é particularmente sensível em
momentos de aumento dos juros, como o atual. Nessas épocas, alguns títulos
chegam a ter rendimento negativo. "Nesse cenário, é importante não se
prender à variação diária do montante", afirma Osvaldo Nascimento,
presidente da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
Em outras palavras, o mais
indicado agora é ter paciência. Assim como investimentos em ações, aplicações
de maior risco não devem ser analisadas com uma fotografia do instante. "O
investidor pode ficar tranquilo com a medida se o objetivo for ter resultados
no longo prazo", diz Ricardo Rochman, professor da escola de economia da
FGV-SP. "O consumidor deve ficar atento à performance do seu produto e
fazer comparações. O cenário será mais concorrido e as seguradoras vão se
diferenciar em rentabilidade", disse Cláudio Pires, superintendente
financeiro da Mongeral Aegon.
A medida atinge os planos
PGBL e VGBL, que reúnem cerca de R$ 300 milhões, e é uma maneira de o governo
federal prolongar o prazo da sua dívida. Os fundos têm cerca de 60% do patrimônio
aplicados em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), papéis com juros
pós-fixados, de curtíssimo prazo, que serão substituídos aos poucos por NTN-Bs
(Notas do Tesouro Nacional série B), corrigidas pela inflação do IPCA e têm
prazos que vão até 2050.
TENDÊNCIA
Para economistas ouvidos
pela Folha, no entanto, as mudanças já estavam sendo adotadas pelas
administradoras dos fundos em busca de mais rentabilidade, independentemente da
exigência do governo. Para quem está acostumado a carteiras ousadas, o cenário
não muda.
A urgência do setor em melhorar rentabilidades diante da trajetória
de queda da Selic deu início a uma discussão sobre a composição dos fundos.
"A resolução que limita a participação de títulos privados e produtos de
renda variável deverá ser revista", afirma Osvaldo Nascimento, da FenaPrevi.
mais mudanças
mais mudanças
Outras questões também devem
mudar a partir de agora, segundo Nascimento. "Flexibilizar a carteira para
investimentos no exterior e permitir papéis cambiais são algumas delas",
diz. Hoje, os fundos de previdência devem respeitar o limite de 49% para ações
em sua composição e 80% de títulos privados. Em relação a esses últimos, o que
atrapalha são os prazos ainda curtos. "Para que as empresas financiem a
sua dívida em um grande intervalo de tempo, deve haver algo que justifique a
aposta", diz Nascimento.
*Fonte: Folha de S. Paulo
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