O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), de parceria entre a Polícia Militar de Sergipe (PM/SE) e escolas públicas, encerrou mais um ciclo na última semana. Cerca de 2.600 crianças participaram da cerimônia de formatura do projeto, que atua na prevenção e redução do uso indevido de drogas e violência, e atinge unidades de ensino da Grande Aracaju e dos municípios de Tobias Barreto e Ribeirópolis.
De acordo com a coordenadora do Proerd, capitã Adriana Littig, ao todo são trabalhadas dez lições com as crianças que, em geral, estudam no 5º ano e têm idade entre 10 e 12 anos. Atualmente, 25 policiais militares assumem, em horário contrário ao das aulas regulares, o papel de educadores sociais e buscam a criação de vínculos com as comunidades nas quais as escolas estão inseridas.
“O policial ministra a teoria da aprendizagem socioemocional, na qual é trabalhada a questão do autoconhecimento das crianças, facilitando o controle emocional delas e minimizando as desavenças no ambiente escolar. Ele ensina também técnicas para que os alunos se comuniquem de forma assertiva e para que tenham habilidade para lidar com riscos e consequências. A cada semana, o profissional realiza um encontro e a ideia é que haja continuidade do projeto nas mesmas escolas”, explicou a capitã.
O Proerd tem como base a interação entre Polícia Militar, escola e família. Desde 2001, quando o projeto iniciou, já foram atendidas mais de 70 mil crianças. De acordo com o comandante geral da PM, coronel Iunes, a iniciativa demonstra que a ação da polícia está presente não só nas ruas, como também no ambiente escolar.
“Acredito que a sociedade tem compreendido a importância em educar e preparar essas crianças para o futuro, e que, cada vez mais, temos que valorizar e demonstrar não só o trabalho que é realizado por parte da PM, mas, principalmente, o conhecimento adquirido por essas crianças, que irão sair com melhora significativa”, disse Iunes.
A superintendente executiva da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Rosenice Machado, relata que a prevenção é o ponto chave para diminuição dos índices de violência. Ela declara que o fortalecimento do trabalho de conscientização nas escolas influencia não só a vida das crianças, como de seus familiares e ainda promove a construção de uma cultura de paz.
“Conseguimos em um curto espaço de tempo perceber que o comportamento das crianças já está diferente. Algumas delas, que antes tinham histórico de se envolver em brigas e mau comportamento, o relato dos professores depois do programa é que há melhorias. O efeito também é em longo prazo, pois alunos que encontramos e estão formados há alguns anos geralmente apresentam histórico de não envolvimento com drogas ou situações de violência”, comentou o policial Thiago Santos, um dos instrutores do projeto. “Para mim, é satisfatório saber que estamos fazendo a diferença na vida das pessoas. Nós plantamos sementes e colhemos os frutos mais para frente”, acrescentou.
A professora Rejane Rabelo, que leciona na Escola Estadual Ministro Geraldo Barreto Sobral, no bairro Industrial, confirma a mudança de comportamento dos alunos. Ela disse que acompanha o projeto há quatro anos e em 2015 o que mais a chamou a atenção foi o trabalho realizado com relação ao bullying, que mudou o jeito como os estudantes agem.
A estudante Clarissa Santana, 11, da Escola Diomedes Santos Silva, disse que onde estuda era vítima de preconceito e racismo, mas que a situação mudou após a chegada do Proerd. Ela também afirmou que, através dos ensinamentos do projeto, houve mudanças dentro de seu ambiente familiar e da comunidade onde vive.
“Minha escola mudou muito depois que a polícia chegou. Éramos agressivos e não respeitávamos ninguém. Hoje não há mais bagunça e o bullying está diminuindo. Lá em casa, consegui influenciar meu padrasto, que bebia muito e agora deixou de ser agressivo. Tem também uma tia que estava grávida e usava drogas, e mudou de vida”, contou Clarissa.
A transformação dentro do ambiente familiar também faz parte dos relatos de quem estava participando da cerimônia de formatura. De acordo com a doméstica Edilene Gomes, mãe de um dos alunos, após a chegada do Proerd, seu filho desenvolveu o gosto em ir para a escola e passou a se comportar melhor em casa.
Da ASN
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