Foi realizada na manhã de
hoje, 3, uma sessão especial na Câmara Municipal de Aracaju para mostrar a
realidade da Defensoria Pública do Estado de Sergipe e suas
atribuições. A indicação foi da defensora pública e vereadora Emília
Correa (DEM), que destacou a necessidade da autonomia financeira e a ampliação
do quadro de defensores públicos.
Emília Correa disse que os
defensores públicos não estão na mesma estrutura financeira dos promotores e juízes.
“O déficit de defensores públicos têm gerado muitos problemas à população, que
necessita de assistência judiciária gratuita. Nas questões muito relevantes
como a estrutura e carreira jurídica que incluem juízes e promotores, os
defensores públicos ainda não estão no mesmo patamar financeiro. A autonomia
financeira das Defensorias Públicas precisa acontecer no Brasil e precisa
acontecer em Sergipe. O projeto de lei 114/2011, que dá autonomia financeira de
forma concreta e materializada às Defensorias, foi vetado pela presidenta Dilma
Roussef. Devemos encaminhar uma moção ao Congresso Nacional pela derrubada do
veto”, defendeu.
O defensor geral, Raimundo
Veiga, agradeceu a indicação da vereadora Emília Correa e explanou as
dificuldades enfrentadas pela instituição com a carência de defensores
públicos. “A população recorre aos tribunais por acesso à justiça por não
contar com a assistência de um defensor público em algumas Comarcas. A
Defensoria tem inúmeras dificuldades em virtude da falta de defensores públicos
e nas ações que não contam com defensor público, o juiz nomeia um advogado
dativo e quem arca com a conta é a instituição”, disse.
Raimundo Veiga afirmou que a
Defensoria Pública prevê um gasto de R$ 2,5 milhões este ano para pagamento de
advogados dativos, designados pelo Poder Judiciário, para acompanhar os
processos judiciais de pessoas hipossuficientes. “É preciso criar cargos e
também promover a isonomia salarial entre o Ministério Público, Poder
Judiciário e a Defensoria Pública, uma vez que o salário do defensor público de
Sergipe é um dos menores do país. Esperamos que o governador Marcelo Déda
encaminhe o projeto de Lei à Assembleia Legislativa antes de encerrar o
mandato”, conclama.
De acordo com o presidente
da Associação dos Defensores Públicos do Estado de Sergipe (Adpese), Sérgio
Barreto Morais, em 2014 o Brasil poderá entrar na lista negra das Organizações
das Nações Unidas (ONU) por dificultar o acesso à justiça. “São quase 1 milhão
de pessoas que não têm o sacrossanto direito de bater as portas do judiciário
para pedir alimentos, educação, saúde, entre outros garantidos por Lei. A
verdadeira democracia neste país passa pela administração da Defensoria Pública
e só haverá democracia quando atingir o patamar de uma justiça digna para todos,
mas os governos não estão sensíveis ao clamor popular. Os defensores públicos
são agentes de transformação social, capazes de transformar este país e colocar
a democracia na mesa do povo brasileiro. Não existe atividade humana mais nobre
e compensadora do que servir ao povo”, destacou.
O vereador Iran Barbosa (PT)
parabenizou a vereadora Emília Corrêa e disse que a Defensoria Pública é
tratada de forma pobre. “Uma sociedade tem seu direito judicializado, mas a
afetividade se concretiza pela lei e não apenas pelo direito. Lamentavelmente,
como a Defensoria Pública termina sendo tratada de forma pobre por defender os
pobres, há uma carência de estrutura, de defensores públicos. A Defensoria é
fundamental para que a sociedade avance, pois precisamos manter o funcionamento
da justiça, mas é preciso melhorar oferecendo condições dignas para que os
defensores públicos possam defender os direitos do cidadão carente. Parabenizo
Emília Correa pela iniciativa e os defensores públicos que, com muita
dificuldade, cumprem o seu papel. A Câmara é parceira na busca dessas demandas
que estão sendo colocadas de forma justa e legítima”, enfatizou.
Para o vereador Agamenon
Sobral, a lei que determina que o estado deve ter somente 100 defensores
está ultrapassada e deve ser repensada. “Desde a sua aprovação em 1995, a
população sergipana já aumentou. Quando essa lei foi implantada no nosso estado
a nossa população não chegava a um milhão de habitantes. É preciso fazer algo
urgentemente, pois a população está sendo penalizada pelo déficit desses
profissionais”, apontou.
“Infelizmente, a gente sabe
que a grande maioria dos cidadãos brasileiros não conhece os seus direitos.
Diariamente acontecem situações em que os diretos do cidadão são lesados por
pessoas que abusam do poder, da autoridade. É importante trazer para a
sociedade a sociedade o conhecer dos seus direitos”,
frisou o vereador Lucas Aribé (PSB).
O subdefensor geral, Jesus
Jairo Lacerda, lembrou que o judiciário e o Ministério público avançaram,
mas a Defensoria estagnou. “Hoje a Defensoria não pode cobrir os estados do
interior por falta de profissionais. Temos casos de pessoas que chegaram a
vender a própria casa para custear um advogado, quando esse trabalho poderia
ser realizado por um defensor público se houvesse profissionais em todos
os municípios. A Defensoria é procurada para prestar um serviço, mas não
consegue aumentar o seu quadro e hoje contamos com apenas 84 defensores,
pois muitos já se aposentaram”, lamenta.
*Fonte: Ascom/CMA
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