
A curva ascendente vai
contra a tendência observada em países da Europa ocidental, nos Estados Unidos,
na China e na Austrália. Nesses lugares, o número de jovens suicidas vem
caindo, ao contrário do que acontece no Brasil, aponta um estudo da University
College London publicado no periódico "Lancet" no ano passado.
"Na década de
1990, a taxa de suicídios aumentava em todos os países do mundo, e a OMS
[Organização Mundial da Saúde] lançou um programa de prevenção. Os países que
fizeram campanhas de esclarecimento conseguiram baixar os números. É importante
falar do assunto", diz o psiquiatra Neury Botega, da Unicamp.
TABU
O tema é tabu até para
profissionais de saúde. Nos registros do Datasus (banco de dados do Sistema
Único de Saúde), aparece como "mortes por lesões autoprovocadas
voluntariamente". Um longo eufemismo, segundo Botega. Evita-se a palavra,
mas o problema se perpetua.
Em cursos de
prevenção, o psiquiatra registrou as crenças de profissionais de saúde.
Muitos acham que perguntar à pessoa se ela pensa em se matar já pode
induzi-la a consumar o ato. "Não temos esse
poder de inocular a ideia na pessoa. E, se não tentarmos saber o que ela está
pensando sobre o assunto, não conseguiremos ajudá-la", diz o psiquiatra.
A taxa cresce por uma conjugação de fatores. "A sociedade está cada vez
menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é
desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram", diz
Neury.
Há ainda uma pressão
social para ser feliz, principalmente nas redes sociais. "Todo mundo tem
que se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem", diz
Robert Gellert Paris, diretor da Associação pela Saúde Emocional de Crianças
e conselheiro do CVV (Centro de Valorização da Vida). O aumento de casos de
depressão em crianças e adolescentes é outro componente importante.
"Mais de 95% das pessoas que se suicidam têm diagnóstico de doença
psiquiátrica", diz Bertolote. Junte-se tudo isso ao maior consumo de
álcool e drogas e a bomba está armada.
*Confira a reportagem completa no site Folha de S. Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1292216-para-cineasta-que-fez-filme-sobre-suicidio-da-irma-desinformacao-leva-a-tragedia.shtml
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