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terça-feira, 8 de abril de 2014

Entrevista: “O Brasil não se preocupou em construir refinarias”

Sandro de Miro: “Descobri que, para mudar verdadeiramente a vida das pessoas, não é preciso ter um cargo eletivo”

SERGIPE NOTÍCIAS: De que maneira o senhor, como empresário do ramo de combustíveis, avalia este setor no mercado sergipano?

SANDRO DE MIRO: Segundo dados da ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis], em 2013, o estado de Sergipe cresceu 84,16% em comparação ao ano de 2003, totalizando pouco mais de 7,4 bilhões de litros vendidos. Em 2014, os primeiros números mostram um crescimento de 10%. A frota de veículos tem aumentado bastante, o que faz com que o consumo de combustíveis aumente acima dos percentuais do varejo, apesar de o preço do combustível pesar bastante no bolso do consumidor.

SN: Muitas pessoas reclamam dos preços dos combustíveis no Brasil. Em Sergipe, porque o combustível é mais caro em relação a outros estados? E porque as diferenças de preços entre postos quase não existe?

SM: Realmente, combustível no Brasil é muito caro se comparado com outros países. As pessoas nos questionam bastante porque o Brasil, um país autossuficiente na produção de petróleo, tem uma das gasolinas mais caras do mundo. O Brasil não se preocupou em construir refinarias e as que existem dão prioridade à produção de diesel, fazendo com que boa parte da gasolina consumida seja importada, sofrendo, assim, fortes variações cambiais. Dos nove estados do Nordeste, Sergipe tem a quarta gasolina mais barata. Se comparado com os dois estados vizinhos Bahia e Alagoas, nosso estado ainda tem o menor preço. É importante lembrar que o ICMS tributado pelo governo de Sergipe é baseado no preço de gasolina bem acima do que o consumidor paga de fato na bomba. Sobre as pequenas diferenças entre os postos, o que posso afirmar é que em Sergipe não há prática de cartel. Se existe cartel, ele já começa pelo preço na distribuidora. Digo isso porque os preços de aquisição são idênticos entre as distribuidoras e nos postos não pode ser muito diferente, porque os custos são muito parecidos. 

SN: A Rede de Postos Presidente tem uma ação social praticada na cidade por meio do Centro de Integração da Família. Como surgiu a iniciativa de criar o Ceinfa?

SM: Falo sobre esse tema com muito orgulho. Os trabalhos sociais começaram há 30 anos na minha família. Cresci vendo meus pais fazendo festas para o dia das crianças e no Natal para exatas 4.000 crianças carentes, que recebiam roupas novas, brinquedos e muitos lanches todos os anos. Quando me candidatei ao cargo de vereador de Aracaju, em 2004, prometi à comunidade onde resido até hoje que ampliaria os trabalhos sociais da família se eleito fosse. Um ano depois de eleito, inaugurei o Ceinfa. Em 2008, quando desisti de continuar na política, fiz a proposta para a família de que deveríamos continuar com o Ceinfa e que deveria ser mantido pela Rede Presidente. Hoje, o Centro atende todos os dias a crianças, adolescentes, adultos e idosos nos mais variados serviços gratuitos, desde cursos profissionalizantes, academia de ginástica, aulas de música e grupos de terceira idade. Sou um homem feliz, porque descobri que para ajudar a mudar verdadeiramente a vida das pessoas, não necessariamente é preciso ter um mandato eletivo.

SN: O senhor deixou uma boa impressão na política, tendo exercido um mandato e deixado a vida pública por opção. Há possibilidade de uma volta?

SM: Ter sido vereador de Aracaju foi uma das mais importantes experiências da minha vida. Sempre que antecede uma eleição, as pessoas me perguntam se serei candidato, e dizem que homens do meu quilate deveriam estar na política escrita com P maiúsculo. Não vou mentir: ouvir isso massageia muito o meu ego. Tenho dito aos amigos que, mesmo estando ausente da política, estou contribuindo com a sociedade, gerando 500 empregos diretos, gerando renda e desenvolvimento para nosso Estado e realizando projetos de Responsabilidade Social. Quem sabe um dia, mais maduro e mais experiente eu entenda que devo contribuir com meu Estado ou com meu País (risos).

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