A oposição atribuiu ao
governo federal a "lambança" provocada pelo boato sobre o fim do
Bolsa Família e afirma que irá pedir explicações à Caixa Econômica Federal
sobre a antecipação no pagamento dos recursos do programa. Na edição deste
sábado (25), a Folha revelou que a Caixa alterou, sem aviso prévio, o
calendário de pagamento na véspera da disseminação do boato que gerou filas e
tumulto em agências de 13 Estados no último fim de semana.
O banco liberou todos os
benefícios -no valor total de R$ 2 bilhões- na sexta-feira (17). Pela regra
oficial, o pagamento é feito de forma escalonada, seguindo a ordem do último
número do cartão. A informação sobre a mudança foi confirmada pela Caixa, que até
então vinha dizendo que o calendário estava mantido e que os pagamentos só
foram liberados emergencialmente no final de semana para atenuar o efeito do
boato.
A Polícia Federal, que apura
a origem dos boatos, ainda não concluiu as investigações. O líder do PSDB na
Câmara, deputado Carlos Sampaio, quer que o presidente da Caixa, Jorge Hereda,
dê explicações sobre a antecipação do pagamento e também sobre a mudança na
versão dada pelo banco. "A Caixa Econômica precisa dar explicações sobre o
que motivou a antecipação dos benefícios e porque só agora admitiu ter feito o
pagamento antes do previsto. Não nos parece ser rotineiro e fácil antecipar o
pagamento de R$ 2 bilhões de uma hora para outra", afirmou Sampaio. Segundo
ele, a PF precisa apurar se a mudança sem comunicado prévio pode ter
contribuído para a disseminação do boato.
Em nota enviada à Folha,
a Caixa afirmou que, em busca de "melhorias no Cadastro de Informações
Sociais", optou por permitir o saque pelos beneficiários no dia 17
independente do calendário individual. Para o senador paranaense Álvaro Dias,
vice-líder do PSDB no Senado, a responsabilidade pela disseminação do boato é
"oficial". "A lambança foi do governo. E ainda se tentou,
desonestamente, incriminar a oposição", afirmou o senador neste sábado. A
crítica faz referência às declarações da ministra Maria do Rosário (Direitos
Humanos), que na segunda-feira (20) atribuiu os boatos à "central de
notícias da oposição".
Ela foi depois desautorizada
pela presidente Dilma, que, sem citar nomes, chamou de "criminoso" e
"desumano" o responsável pelo boato. Para o líder do MD (Mobilização
Democrática) na Câmara, deputado Rubens Bueno, se há "criminoso"
neste caso, trata-se do "próprio governo que ensejou o boato" ao
liberar os recursos de forma "incompetente" e
"atabalhoada".
"Funcionários da
própria Caixa admitiram que ocorreram erros e foi permitida a liberação
antecipada dos benefícios. O erro pode ter dado origem ao boato. Cabe ao
ministro e a direção da Caixa esclarecer muito bem a situação", afirmou. Já
o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, disse que não
estranharia se o próprio governo estivesse por trás dos boatos. Para o senador,
o episódio do Bolsa Família está sendo usado politicamente pelo governo.
*Fonte: Folha de S. Paulo
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