Entrevista: “O apoio do PCdoB a Jackson Barreto está mais que selado”

Antônio Bittencourt: “A nossa pretensão em ocupar uma vaga na chapa majoritária está mantida e fortalecida”

SERGIPE NOTÍCIAS: Como um militante histórico do PCdoB, de que maneira o senhor encara essa nova fase como secretário de Direitos Humanos do Estado?

ANTÔNIO BITTENCOURT: Sinto-me muito feliz e entendo o convite do Governador Jackson Barreto e o integral apoio do PCdoB a essa indicação, como o reconhecimento a um trabalho que tem início ainda no final dos anos oitenta, quando entro no movimento estudantil da UFS e chego a ser eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes e em seguida me filio ao PCdoB. Naturalmente, a presença do meu pai exerceu muita influência na minha formação humanista e política. O velho Bittencourt é de uma geração de militantes talhada na luta intensa e muitas vezes dolorosa em favor da democracia e dos direitos sociais e da organização popular. Tive o privilégio de conviver, na minha infância, graças ao meu pai, com homens como Gervásio Santos (Careca), Milton Coelho, Seu Eugênio, José Nunes, Carivaldo de Lima, Manoel Vicente, Agonalto Pacheco, Mestre Alvino, Pedro Hilário, Eraldo Souza e tantos outros a contarem as suas histórias de luta por um mundo mais justo e igualitário. Penso que essa foi a herança recebida e a que pretendo dar continuidade.

SN: Sergipe é um estado onde os movimentos sociais têm muita força. De que maneira o secretário Bittencourt trabalhará a aproximação da Sedhuc com os grupos representativos?

AB: Entendo que as ações de governo ganham sentido e consistência quando estabelecem relação direta com os movimentos sociais. A força dos movimentos sociais deve ser entendida como aliada. É obrigação do poder público levá-la em consideração, estabelecendo interlocução constante. A Sedhuc, sem essa interlocução, não faz sentido. Os conselhos representativos, as entidades e movimentos sociais devem cobrar de nossa administração. Afinal, o grupo que hoje está à frente do governo jamais ocuparia esse espaço se não fosse o apoio e a colaboração dos movimentos sociais.

SN: Como o PCdoB avalia a aproximação entre o governador Jackson Barreto e o prefeito João Alves Filho?

AB: Entendo que a aproximação enquanto gestores públicos é necessária, louvável e demonstra um alto nível de maturidade administrativa e respeito à população. Quanto a possíveis entendimentos de natureza política eleitoral, o PCdoB, especialmente nas figuras de Edvaldo Nogueira e do nosso presidente estadual, Halisson Souza, está trabalhando para convencer a nossa base aliada de que o grupo liderado por João Alves representa um retrocesso qualitativo e, por estar em franco descenso, confirmado pelo desencorajamento do seu líder a disputar a eleição ao governo, não representará em outubro nenhum ganho quantitativo que justifique a aliança. Mas também temos a plena consciência de que a palavra final é de Jackson Barreto e a ele o nosso apoio está mais que selado.

SN: Com a sua chegada à cúpula do governo do Estado, fica claro o alinhamento do PCdoB com a reeleição do governador Jackson Barreto. O partido pretende uma vaga na chapa majoritária?

AB: O PCdoB e o governador Jackson Barreto possuem relações políticas intensas, desde os anos 80. A minha chegada à administração é uma das consequências da manutenção desse alinhamento e não o motivo disso. Durante esse ano, a direção do PCdoB teve diversas reuniões onde a pauta era o governo JB e nosso projeto eleitoral. Sentamos por quatro vezes com o governador e somente esse mês decidimos participar do governo. A nossa pretensão em ocupar uma vaga na chapa majoritária está mantida e fortalecida. O próprio Jackson disse que levaria em conta o nome do ex-prefeito Edvaldo Nogueira na disputa interna por uma vaga no Senado. Edvaldo teve uma administração bastante realizadora, com ações em toda a cidade e marcada pelo zelo com a coisa pública. Este é o nosso nome para a chapa majoritária e as pesquisas apontam empate técnico entre Edvaldo e Rogério Carvalho.